Bar do Bolinha
Aristeu Nogueira Soares
A noite é sempre assombrosa mesmo de lua cheia! O voto é secreto pra todos levarem a culpa!
A primeira vez que me vi envolvido na polÃtica foi quando trabalhava, aos sábados e domingos na feira-livre de Araguari, na banca do meu tio Joaquim. Aos sábados a feira era ao lado do Mercado Municipal e, nos domingos, perto da Praça do Quebra-Pedra.
Tinha um eterno vereador, de apelido Patesco, amigo do meu tio, que, por entusiasmo apenas, me fez distribuir seus santinhos.
Onde politizei-me mesmo foi no “Bar do Bolinha”, onde trabalhei por quase três anos, exercendo várias atividades: faxineiro, lavador de vasilhas, balconista, garçon, pizzaiolo, cozinheiro meia-colher e até gerente.
O Bolinha, Sr Walter Sopranzetti, era dono de tal pizzaria, mas trabalhava como Secretário da Câmara Municipal. O bar abria só no cair da noite e varava a madrugada. Os polÃticos passavam por ali, todos esses ex-prefeitos que hoje, como eu, têm artigos no Panorama.
O Miltinho, ex-prefeito e deputado, gostava muito duma seresta, metido a boêmio e violeiro.
O Bolinha era um forte porque dormia apenas parte manhã e a caligrafia primorosa é inesquecÃvel.
Às terças ele faltava à “Lanchonete Corujão”, pois acompanhava a Sessão dos vereadores. Era quando a gente, funcionários, tinha a doce companhia da “Dona Deja”, sua esposa, e do Waltinho, seu filho que ainda toca o negócio, ali na Tiradentes.
Engraçado que ninguém tinha carteira assinada e, sob a constante presença do, também freguês, Juiz de Direito da Comarca, Dr Nilo, hoje desembargador, nenhum menor era autuado ou patrão chamado atenção.
Do freqüentador que eu gostava mesmo era da eterna Presidente da Câmara – Marlene Rodrigues da Cunha, que chegou a ser vice-prefeita. Ela dava muita gorjeta, mas o carinho especial que eu tinha para com ela deva estar voltado ao fato de ter conhecido o pai dela – dono de um Box no mercado municipal – ou de ter sido aluno de sua irmã, Marilda Rodrigues da Cunha, um exemplo do Magistério araguarino.
Naquela época, para ter acesso ao Ginásio tinha que passar pela terrÃvel “Admissão”, um preparatório não disponÃvel no ensino público. A professora Marilda montou um, à noite, no Raul Soares, e presenteou-me com o curso. Acreditava no meu potencial e sabia da minha deficiência monetária.
Nas últimas eleições trabalhei pra caramba, em BrasÃlia, para um deputado vencedor, mas por carinho à sua dignÃssima esposa que pode até deixar de ser esposa, mas será sempre dignÃssima.
Crônica publicada originalmente no blog Panorama Araguari, em outubro de 2007.
A noite é sempre assombrosa mesmo de lua cheia! O voto é secreto pra todos levarem a culpa!
A primeira vez que me vi envolvido na polÃtica foi quando trabalhava, aos sábados e domingos na feira-livre de Araguari, na banca do meu tio Joaquim. Aos sábados a feira era ao lado do Mercado Municipal e, nos domingos, perto da Praça do Quebra-Pedra.
Tinha um eterno vereador, de apelido Patesco, amigo do meu tio, que, por entusiasmo apenas, me fez distribuir seus santinhos.
Onde politizei-me mesmo foi no “Bar do Bolinha”, onde trabalhei por quase três anos, exercendo várias atividades: faxineiro, lavador de vasilhas, balconista, garçon, pizzaiolo, cozinheiro meia-colher e até gerente.
O Bolinha, Sr Walter Sopranzetti, era dono de tal pizzaria, mas trabalhava como Secretário da Câmara Municipal. O bar abria só no cair da noite e varava a madrugada. Os polÃticos passavam por ali, todos esses ex-prefeitos que hoje, como eu, têm artigos no Panorama.
O Miltinho, ex-prefeito e deputado, gostava muito duma seresta, metido a boêmio e violeiro.
O Bolinha era um forte porque dormia apenas parte manhã e a caligrafia primorosa é inesquecÃvel.
Às terças ele faltava à “Lanchonete Corujão”, pois acompanhava a Sessão dos vereadores. Era quando a gente, funcionários, tinha a doce companhia da “Dona Deja”, sua esposa, e do Waltinho, seu filho que ainda toca o negócio, ali na Tiradentes.
Engraçado que ninguém tinha carteira assinada e, sob a constante presença do, também freguês, Juiz de Direito da Comarca, Dr Nilo, hoje desembargador, nenhum menor era autuado ou patrão chamado atenção.
Do freqüentador que eu gostava mesmo era da eterna Presidente da Câmara – Marlene Rodrigues da Cunha, que chegou a ser vice-prefeita. Ela dava muita gorjeta, mas o carinho especial que eu tinha para com ela deva estar voltado ao fato de ter conhecido o pai dela – dono de um Box no mercado municipal – ou de ter sido aluno de sua irmã, Marilda Rodrigues da Cunha, um exemplo do Magistério araguarino.
Naquela época, para ter acesso ao Ginásio tinha que passar pela terrÃvel “Admissão”, um preparatório não disponÃvel no ensino público. A professora Marilda montou um, à noite, no Raul Soares, e presenteou-me com o curso. Acreditava no meu potencial e sabia da minha deficiência monetária.
Nas últimas eleições trabalhei pra caramba, em BrasÃlia, para um deputado vencedor, mas por carinho à sua dignÃssima esposa que pode até deixar de ser esposa, mas será sempre dignÃssima.
Crônica publicada originalmente no blog Panorama Araguari, em outubro de 2007.
Aristeu, você é formidável.
ResponderExcluirComo saudosista que sou, gostei imensamente da matéria. Principalmente de sua forma de escrever. Uma narração belÃssima do passado que se foi.
Conheci e conheço todos os personagens citados.
Parabéns, embora tardiamente, pois a matéria foi feita em 2007.
Peron Erbetta.
A verve literária do Aristeu impressiona. Um presente para os amantes da boa escrita.
ResponderExcluirARISTEU VOCE LEMBRA DESTE TIME. ARISTEU, PEDRO, BRASIL. TRAVAGLIA , VALTER, MARRA E JOSUE.
ResponderExcluirPARABENS PELAS CRONICAS,
ABRACOS PEDRO