Filhos
José Roberto Peters *
“Nossa juventude adora o luxo, é mal educada, caçoa da autoridade e não tem o menor respeito pelos mais velhos. Nossos filhos hoje são verdadeiros tiranos. Eles não se levantam quando uma pessoa idosa entra, respondem a seus pais e são simplesmente maus.”
Você que leu a frase acima deve estar pensando nos jovens de hoje, mas ela é atribuÃda a Sócrates, filósofo grego que viveu entre 470 a 399 a.C. Pois é, sempre um pouco do mesmo. Mas, para confirmar as regras, há sempre as exceções.
O conflito de gerações não é de hoje. Lembro-me do Zé Paulo, meu filho, perguntar um dia: “Pai, você ouvia rock?” Claro, eu disse, e continuei, tinha um conjunto que eu adorava.... “Conjunto, pai? Não seria banda?”
Expliquei. É que na minha época rock se fazia com conjunto e banda era de escola ou de instituições militares e peguei um CD do Creedence Clearwater Revival. Ele adorou. Meio que duvidou que fosse rock, mas gostou.
“E ficção cientÃfica?” Ele perguntou depois que eu dei a ele e assistimos juntos — numa maratona — aos seis filmes de Guerra nas Estrelas. Fui mostrar o primeiro episódio de Perdidos no Espaço. “Pô, pai, é em preto e branco?” É, mas a segunda temporada é colorizada. Coisa difÃcil explicar como é um filme “colorizado”.
Na cena em que aparece o veÃculo que os tripulantes usam para andar pelos planetas ele me perguntou: “como é que esse carro veio na nave? Ele é bem maior.” Deve ter vindo desmontado, arrisquei. E quando o Professor John Robinson — vivido pelo ator Guy Williams, que também fez o Zorro — disparou uma pistola laser lembro-me dele ter feito comentários acerca dos “belos efeitos especiais”. Não dá pra comparar.
Pois é, nossos conflitos de gerações são simples assim. Quando a gente não se entende conversa e um ensina algo pro outro. Pelo menos no caso do Zé o Sócrates estava errado. Os mais velhos — até o mais famoso dos filósofos — podem errar. E é isso que move o mundo: erros e acertos.
* José Roberto Peters – Mestre em Educação CientÃfica e Tecnológica, professor universitário e consultor técnico da OPAS no Ministério da Saúde
“Nossa juventude adora o luxo, é mal educada, caçoa da autoridade e não tem o menor respeito pelos mais velhos. Nossos filhos hoje são verdadeiros tiranos. Eles não se levantam quando uma pessoa idosa entra, respondem a seus pais e são simplesmente maus.”
Você que leu a frase acima deve estar pensando nos jovens de hoje, mas ela é atribuÃda a Sócrates, filósofo grego que viveu entre 470 a 399 a.C. Pois é, sempre um pouco do mesmo. Mas, para confirmar as regras, há sempre as exceções.
O conflito de gerações não é de hoje. Lembro-me do Zé Paulo, meu filho, perguntar um dia: “Pai, você ouvia rock?” Claro, eu disse, e continuei, tinha um conjunto que eu adorava.... “Conjunto, pai? Não seria banda?”
Expliquei. É que na minha época rock se fazia com conjunto e banda era de escola ou de instituições militares e peguei um CD do Creedence Clearwater Revival. Ele adorou. Meio que duvidou que fosse rock, mas gostou.
“E ficção cientÃfica?” Ele perguntou depois que eu dei a ele e assistimos juntos — numa maratona — aos seis filmes de Guerra nas Estrelas. Fui mostrar o primeiro episódio de Perdidos no Espaço. “Pô, pai, é em preto e branco?” É, mas a segunda temporada é colorizada. Coisa difÃcil explicar como é um filme “colorizado”.
Na cena em que aparece o veÃculo que os tripulantes usam para andar pelos planetas ele me perguntou: “como é que esse carro veio na nave? Ele é bem maior.” Deve ter vindo desmontado, arrisquei. E quando o Professor John Robinson — vivido pelo ator Guy Williams, que também fez o Zorro — disparou uma pistola laser lembro-me dele ter feito comentários acerca dos “belos efeitos especiais”. Não dá pra comparar.
Pois é, nossos conflitos de gerações são simples assim. Quando a gente não se entende conversa e um ensina algo pro outro. Pelo menos no caso do Zé o Sócrates estava errado. Os mais velhos — até o mais famoso dos filósofos — podem errar. E é isso que move o mundo: erros e acertos.
* José Roberto Peters – Mestre em Educação CientÃfica e Tecnológica, professor universitário e consultor técnico da OPAS no Ministério da Saúde
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