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A família que copiava

Os irmãos Prado tornaram-se os recordistas de projetos apresentando cópias fiéis de propostas já formuladas por seus colegas parlamentares

Sérgio Pardellas, ISTOÉ

Os irmãos do PT mineiro Weliton Prado e Elismar Prado, o primeiro deputado federal e o segundo estadual, haviam conseguido, aparentemente, um feito digno de louvor. Estreantes em suas respectivas Casas Legislativas, ambos foram considerados recordistas em apresentação de projetos de lei no início de ano.

Na Câmara Federal, Weliton protocolou 114 propostas. Elismar superou o irmão. Formulou nada menos do que 243 projetos de lei, o que representa até agora 45% do total apresentado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Em razão disso, concederam inúmeras entrevistas e ocuparam o centro dos holofotes.

Mas o que, à primeira vista, parecia uma demonstração de criatividade e uma preocupação demasiada em tomar iniciativas em benefício de seus eleitores, agora se revela uma fraude. Cerca de 80% das proposições dos irmãos Prado não são originais, embora anunciadas pelos seus autores como se fossem.

Foram plagiadas e representam cópias perfeitas de projetos de outros parlamentares. Muitas propostas clonadas pertencem a deputados reeleitos e com os quais os irmãos Prado dividem o mesmo plenário. “Eu nunca tinha visto coisa parecida”, surpreende-se Mozart Vianna, que foi secretário-geral da Mesa da Câmara por 20 anos e hoje trabalha no gabinete do senador Aécio Neves (PSDB-MG).

No dia 3 de fevereiro, Weliton apresentou proposta que determina a fixação da bandeira brasileira na fachada dos edifícios públicos. Ocorre que esse projeto, que alcançou grande repercussão na mídia no ano passado, é da lavra do deputado reeleito e colega de Weliton na bancada governista Sandro Mabel (PP-GO).

O petista mineiro também não se constrangeu em clonar projetos do deputado Aelton Freitas (PR-MG), entre eles o que concede isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) a veículos adquiridos por prefeituras. Procurado por ISTOÉ, Weliton alegou que ocorreu um problema no sistema de autenticação de matérias de seu gabinete. “Os equívocos já estão sendo corrigidos”, garantiu.

O curioso é que, apesar de trabalharem em gabinetes separados por pelo menos 700 quilômetros, e certamente utilizarem computadores e sistemas diferentes, Weliton e Elismar adotam o mesmo modus operandi. Fazendo jus ao DNA do irmão, Elismar, em Minas Gerais, apresentou projetos idênticos aos dos deputados Domingos Sávio (PSDB) e Padre João (PT).

Uma das propostas clonadas por Elismar foi considerada inconstitucional em legislaturas passadas: a que obriga as seguradoras a comunicar ao Departamento de Trânsito todos os sinistros de veículos registrados quando houver perda total.

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2 comentários:

  1. Elevado número de deputados e vereadores acha que a vantagem é entregar grande número de projetos, muitos como estamos vendo clonagem pura e outros tantos inconstitucionais ( e ainda dizem com empáfia: "a gente faz uma PEC e torna tudo constitucional"...). No Brasil ainda temos grandes brincadeiras como estas! Será que algum dia ainda vamos aprender a votar ou continuaremos a acreditar em lorotas?

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  2. Esses políticos foram mais explícitos e sem escrúpulos ao fazer cópia literal, mas ao final vão verificar que o verdadeiro autor não desaparece quando se pede o desarquivamento de projetos. Mas algum “mérito” houve: demonstraram serem objetivos na missão parlamentar e exímios trabalhadores, com dois meses na casa do povo e já apresentaram projetos para o mandato inteiro. E vai ser difícil alguém superar essa estatística, mas suas imagens não ficarão impunes. A cópia de projetos não é semelhante ao plágio de música, mas normalmente os políticos ou governantes fazem a cópia modificando muitos detalhes. Evidentemente que esse disfarce sempre é percebido, mas não consegue ofuscar a luz da boa ideia, e normalmente quem percebe se cala, mas ressentido, especialmente quando o projeto é para o bem da população. Mas, uma distinção ficará clara: uma coisa é o político e outra coisa é a política. E assim o mundo da internet chega à casa do povo. E o que era rotineiro e praticado por muitos estudantes da faculdade agora terá um preço bem mais elevado a ser descontado na imagem do político copiador.

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