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"A Imprensa deve ser vista como expressivo agente social"

Miguel Domingos Oliveira (*)

Nesta festa de posse da Diretoria da Aprocima – Associação dos Profissionais de Imprensa de Araguari, saúdo todas as diretorias que se sucederam.

Na pessoa do Dr Darli Amaral, parabenizo os esforços que tantos outros até aqui realizaram. Na do companheiro de rádio e de muitas jornadas políticas, cumprimento o novo Presidente, Odilon Neves, o decano e um dos craques e veteranos da imprensa local, bem como o amigo e Presidente do Conselho, Carlos Machado, e os demais companheiros de chapa.

Reconhecendo os trabalhos já realizados – auguro sucesso para que se consiga o que ainda se faz necessário produzir.

Aqui – neste local e nesta reunião não me sinto um estranho. Primeiro, por ter começado minha carreira na Rádio Cacique de Araguari, onde por muitos e muitos anos ocupei horário de 5 minutos diariamente às onze e trinta, no programa “A Crônica do Dia”. Além disso, sempre participei na imprensa escrita. Inclusive fui um dos acionistas da Rádio Araguari.

Sou de casa. Sou da Casa. Estou em casa. Sinto-me em casa.

A Aprocima foi criada para ser o organismo de defesa dos seus associados. Inclusive para defender as Empresas empregadoras, nos interesses comuns e, até, para fiscalizar se todas elas terão oportunidade igual de participar de concorrências. E para zelar em todas as circunstâncias e locais , pelos direitos profissionais e pessoais dos seus associados.

Ela é o órgão máximo da categoria. Não importa quem esteja no comando dela: o Presidente da Aprocima será sempre o representante de todos; e é dessa forma que deve ser visto, e é dessa forma que deve ser prestigiado, e é dessa forma que deve agir.

A Associação tem poucos recursos. É nova. Contribuições dos associados não são suficientes para todas as necessidades... e não se pode tirar muito de quem já tem tão pouco...

O Setor de imprensa local – escrita, falada, televisada – já é um dos grandes empregadores no município. Deve ser visto pelos Poderes dentro da sua finalidade, mas também como expressivo agente social.
Principalmente em momentos de crise, com Receita baixa.

A remuneração da categoria ainda está longe do que ela merece.

As receitas tem caído. As despesas, sobretudo as cobradas pelos Poderes Públicos e suas Autarquias , em Impostos, Taxas e Contribuições, não foram reduzidas. Por experiência própria sei quanto é difícil cobrir a folha de pagamento no final do mês e pagar os recolhimentos sociais; isso às vezes é conseguido por alguns abnegados, que, não raro, cobrem, com recursos próprios, a diferença entre Receita e Despesa.
Volto a dizer que aqui me sinto bem. Sou de casa. Sou da Casa. Estou em casa.

Fico feliz por ter sido lembrado com o honroso convite, reforçado pessoalmente por vários profissionais meus amigos.

Foi no meu gabinete de Prefeito, no meu último mandato, que apareceram, de repente, o meu compadre e amigo, hoje brilhante vereador reeleito, Werley Macedo. Com ele estava meu não menos estimado afilhado, o dedicado Gilmar Cabral.

Ali, eu já em final de mandato, esses dois me convenceram a disponibilizar-lhes alguns recursos, tais como: local, telefone, computadores, mobiliário – para a instalação da recém criada Aprocima, ainda que por empréstimo.

Outros companheiros estavam com eles, os apoiando na empreitada e na época, que homenageio nas pessoas de Carlos Alves e Aloísio Faria, pois seria longo enumera-los. Mas estejam certos de que se a Aprocima hoje existe, isso se deve à visão e à persistência desses todos, que, numa tarde inspirada, solicitaram e obtiveram o apoio do Poder Público, no meu Governo.

O Poder Público deve apoiar a imprensa.

E todos nós devemos nos lembrar, sempre, de que a Imprensa sobrevive à custa de vender espaço - mas não de vender consciências.

Críticas podem doer. Nem sempre gostamos delas. A imprensa analisa e critica. Ainda que contrariados devemos nos lembrar do que disse Ruy Barbosa: “- Não concordo com uma só palavra do que dizeis; mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-las...”

E se consciências porventura estiverem à venda (creio não ser o caso de Araguari), estas não serão de profissionais de imprensa; mas, sim, de oportunistas. Oportunistas que mudam de opinião conforme trocam de camisa, às vezes até tão rapidamente que nem dá tempo para mudá-la.

Há poucos dias comemorou-se o dia da Imprensa. Na Gazeta li o que o colunista Luciano Beregeno, sempre apropriado e brilhante, escreveu a respeito.

Fiquei muito feliz ao ler aquele escrito. Sentí-me ressuscitado nos meus princípios, ao perceber como aquele jovem se manifestara sobre a matéria.

Imprensa... Imprensa escrita que foi criada aproximadamente em 1436, quando Guttenberg inventou os caracteres móveis de metal, para reproduzir manuscritos, na Europa. O continente europeu, no entanto, já conhecia, desde o século XII, a invenção dos chineses do século VI, setecentos anos mais ou menos antes, qual seja a xilografia,quando referidos chineses faziam impressão por caracteres gravados em madeira.

Imprensa é a arte de redigir e de imprimir. Hoje também de falar, gravar, filmar, sonorizar, produzir, editar, etc.

Imprensa diz-se que é o quarto Poder, além do Executivo, Legislativo e Judiciário.

Imprensa é a arte de divulgar. Imprensa que foi , é, e será, sempre, a guardiã da democracia, por divulgar a verdade e por levar os fatos ao conhecimento do povo.

Ditas estas palavras, agradeço penhorado o convite.

Ando sentindo que é chegado o momento da minha colheita. Por onde ando, onde quer que eu esteja, me perdoem a falta de modéstia, eu me sinto um homem do povo, estimado e respeitado. Estar aqui com vocês, convidado, é uma recompensa que acho que Deus exagerou em me conceder.

A cada passo que dou, a cada lugar que eu vá, ouço alguém dizer a mais suave melodia que meus ouvidos já ouviram: você se lembra de mim? Você se lembra do que fez por mim? Você se lembra de ter resolvido o problema do meu bairro?

Espero e peço a Deus que vocês, homens e mulheres da Imprensa, no futuro, possam ouvir, do povo, o mesmo que hoje estou ouvindo, neste meu momento de colheita. Que quando chegarem ao inverno de suas vidas, os cabelos grisalhos e as faces vincadas pelo tempo e pelo trabalho, possam ouvir palavras gratificantes, da mesma beleza como estas que estou hoje ouvindo:

“ – Você cumpriu sua missão. Você ajudou a escrever a História narrando fielmente os fatos do cotidiano. Você foi correto. Você foi honesto. Você foi um cidadão de bem. Você foi útil. Você conseguiu ser independente. Você foi homem, na verdadeira acepção da palavra.”

Parabéns, muito sucesso e muito obrigado.

(*) Discurso proferido na solenidade de posse da diretoria da Aprocima, gestão 2009/2012, realizada no 10 dia de junho do ano em curso, no auditório da CDL/Araguari.