Espetáculo e exemplo
Neiton de Paiva Neves
Em 1.999, há quase 10 anos, aconteceu o fantástico espetáculo musical reunindo os três mais importantes tenores e um dos mais conceituados maestros da época, respectivamente, Plácido Domingo, Luciano Pavarotti, José Carreras e Zubim Metha.
Transmitido ao vivo pelas grandes redes de televisão, o evento encantou e emocionou milhões de pessoas no mundo todo e até hoje é visto e cultuado por amantes de todos os gêneros de música dotados de bom gosto, apesar das restrições de ultrapassados puristas e defensores da arte lírica para poucos.
O que não se divulgou foram as enormes dificuldades enfrentadas e vencidas para que o espetáculo alcançasse aquele extraordinário sucesso.
Difícil foi reunir os três maiores tenores de então e um regente tão grande quanto, cada qual com compromissos profissionais em lugares diferentes e distantes, para os vários dias de ensaios e do próprio concerto.
Difícil foi a adaptação do local, as ruínas das Termas de Caracalla, em Roma, para a apresentação ao ar livre e presença de grande público.
Mas, a maior dificuldade parece ter sido a do Maestro Zubim Metha. Duas orquestras foram contratas para o suporte musical da apresentação dos tenores: a Orquestra da Ópera de Roma e a Orquestra Florentina, de Florença, somando um total de 240 integrantes.
Logo no primeiro ensaio o Maestro percebeu que o resultado das duas orquestras tocando juntas estava sendo o de duas orquestras tocando ao mesmo tempo.
Foi preciso muito trabalho, paciência e dedicação, para se chegar ao resultado desejado e que todos puderam (e podem, em DVD) depois ver e ouvir, ou seja, as duas tocando como se fossem uma excepcional e única orquestra.
Desfrutando de sucesso pessoal junto ao público e à crítica, com admiradores próprios, ricos e apontados como os melhores, cada um dos três tenores teve conduta exemplar e sem estrelismo. Nenhum quis ser ou aparecer mais do que o outro e cada qual mostrou o melhor de seu talento, respeitando e homenageando o talento do outro.
O segredo do sucesso? Apenas a obediência de certas regras básicas para o êxito de qualquer empreendimento coletivo. Por exemplo, a escolha das pessoas certas para os lugares certos; o profissionalismo e a aplicação de cada um à sua determinada função; o espírito de equipe, que leva cada pessoa a fazer o lhe cabe fazer, de forma responsável e sem invadir o espaço alheio, com a visão do conjunto e sabendo que seu trabalho só é importante quando somado ao dos demais.
E todos, como é o caso dos integrantes da orquestra, desde o pianista, o violinista, o baixista, o flautista etc., conhecerem sua partitura e sua função, conscientes de serem parte de um todo e com sentido e valor somente quando desenvolvidos em harmonia com os do companheiro.
Essencial foi o senso de humildade dos grandes astros, Carreras, Domingo, Pavarotti e Metha, dividindo e compartilhando o palco e os aplausos que cada um teria só para si, no instante em que quisesse.
Também fundamental foi o projeto de trabalho, o plano a ser executado e o cumprimento rigoroso de suas etapas, conforme declararam os organizadores ao afirmarem que tudo correu dentro do previsto. Inclusive com algumas baixas, pois, os incapazes de se adaptar ao projeto tiveram de ser substituídos, sob pena ficar comprometido o objetivo final.
Essas regras simples, válidas para quase tudo, podem ser úteis e contribuírem para resultados positivos nas várias ações e iniciativas de qualquer pessoa ou instituição, em todas as áreas.
A atuação de uma orquestra, conduzida por um líder, com músicos tocando instrumentos diferentes e seguindo uma partitura específica, ilustra bem o conceito e a importância de uma equipe trabalhando sintonizada em favor do todo.
Agora, duas grandes orquestras transformadas numa só, regidas por Zubin Metha, acompanhando Pavarotti (falecido em 2007), Domingo e Carreras, é realmente algo único, para ser visto e revisto como espetáculo e como exemplo.
Em 1.999, há quase 10 anos, aconteceu o fantástico espetáculo musical reunindo os três mais importantes tenores e um dos mais conceituados maestros da época, respectivamente, Plácido Domingo, Luciano Pavarotti, José Carreras e Zubim Metha.
Transmitido ao vivo pelas grandes redes de televisão, o evento encantou e emocionou milhões de pessoas no mundo todo e até hoje é visto e cultuado por amantes de todos os gêneros de música dotados de bom gosto, apesar das restrições de ultrapassados puristas e defensores da arte lírica para poucos.
O que não se divulgou foram as enormes dificuldades enfrentadas e vencidas para que o espetáculo alcançasse aquele extraordinário sucesso.
Difícil foi reunir os três maiores tenores de então e um regente tão grande quanto, cada qual com compromissos profissionais em lugares diferentes e distantes, para os vários dias de ensaios e do próprio concerto.
Difícil foi a adaptação do local, as ruínas das Termas de Caracalla, em Roma, para a apresentação ao ar livre e presença de grande público.
Mas, a maior dificuldade parece ter sido a do Maestro Zubim Metha. Duas orquestras foram contratas para o suporte musical da apresentação dos tenores: a Orquestra da Ópera de Roma e a Orquestra Florentina, de Florença, somando um total de 240 integrantes.
Logo no primeiro ensaio o Maestro percebeu que o resultado das duas orquestras tocando juntas estava sendo o de duas orquestras tocando ao mesmo tempo.
Foi preciso muito trabalho, paciência e dedicação, para se chegar ao resultado desejado e que todos puderam (e podem, em DVD) depois ver e ouvir, ou seja, as duas tocando como se fossem uma excepcional e única orquestra.
Desfrutando de sucesso pessoal junto ao público e à crítica, com admiradores próprios, ricos e apontados como os melhores, cada um dos três tenores teve conduta exemplar e sem estrelismo. Nenhum quis ser ou aparecer mais do que o outro e cada qual mostrou o melhor de seu talento, respeitando e homenageando o talento do outro.
O segredo do sucesso? Apenas a obediência de certas regras básicas para o êxito de qualquer empreendimento coletivo. Por exemplo, a escolha das pessoas certas para os lugares certos; o profissionalismo e a aplicação de cada um à sua determinada função; o espírito de equipe, que leva cada pessoa a fazer o lhe cabe fazer, de forma responsável e sem invadir o espaço alheio, com a visão do conjunto e sabendo que seu trabalho só é importante quando somado ao dos demais.
E todos, como é o caso dos integrantes da orquestra, desde o pianista, o violinista, o baixista, o flautista etc., conhecerem sua partitura e sua função, conscientes de serem parte de um todo e com sentido e valor somente quando desenvolvidos em harmonia com os do companheiro.
Essencial foi o senso de humildade dos grandes astros, Carreras, Domingo, Pavarotti e Metha, dividindo e compartilhando o palco e os aplausos que cada um teria só para si, no instante em que quisesse.
Também fundamental foi o projeto de trabalho, o plano a ser executado e o cumprimento rigoroso de suas etapas, conforme declararam os organizadores ao afirmarem que tudo correu dentro do previsto. Inclusive com algumas baixas, pois, os incapazes de se adaptar ao projeto tiveram de ser substituídos, sob pena ficar comprometido o objetivo final.
Essas regras simples, válidas para quase tudo, podem ser úteis e contribuírem para resultados positivos nas várias ações e iniciativas de qualquer pessoa ou instituição, em todas as áreas.
A atuação de uma orquestra, conduzida por um líder, com músicos tocando instrumentos diferentes e seguindo uma partitura específica, ilustra bem o conceito e a importância de uma equipe trabalhando sintonizada em favor do todo.
Agora, duas grandes orquestras transformadas numa só, regidas por Zubin Metha, acompanhando Pavarotti (falecido em 2007), Domingo e Carreras, é realmente algo único, para ser visto e revisto como espetáculo e como exemplo.
Felizmente a música deu a lição para os demais setores da vida humana. Pitágoras quando criou a proporção musical logo viu que a falta da divisão correta de uma corda gera sons irritantes, desarmônicos. Daí surgiu a partitura que mostra a totalidade das partes de uma composição musical ou grade. Ele dizia aos discípulos que tudo no universo eram números. Mas é mais fácil entender que tudo é música. Não é muito diferente das orquestras a administração nas grandes instituições da economia moderna em grandes corporações. As grandes organizações possuem variadas complexidades operacionais, demandas diversas, milhares de funcionários, diversas diretorias, chefias, departamentos, regiões administrativas, etc. Também variadas expectativas de retorno da clientela. Hoje o índice de satisfação é sempre conhecido por meio de pesquisa de opinião em âmbito nacional. Enfim, como harmonizar toda essa orquestra de modo que o resultado seja o esperado? Acho que não tanto a escolha das pessoas, embora sejam importantíssimas as competências individuais. Importante também é a unificação da voz de comando, criando a ordem unida, ou melhor, comparando com o exemplo dado da orquestra, todos afinados com a entonação de uma única voz. Dessa forma, havendo vice e titular é necessário que as chefias sigam a orientação traçada pelo comando, pensando e agindo em harmonia. O exército sabe bem disso e o objetivo é não perder a guerra. Pode o vice pensar o que quiser, falar o que quiser, mas vale o que o titular falou, afinal somente ele responde pela Instituição, em juízo ou fora dele. Descendo mais um pouco o entendimento, quero dizer que as grandes organizações, públicas ou privadas, criam manuais de procedimentos e rotinas, definem seus projetos, suas missões, etc. Imaginem como uma multinacional, por exemplo, uma instituição bancária, ela estabelece comportamento administrativo idêntico em todo o mundo onde possui agências. Ou podemos pegar, por exemplo, um banco nacional com agências em todo o país. Como o dono ou a diretoria controla a unificação da ação dos órgãos subordinados? Ou como o Banco Central controla a ação de todos os bancos? Antigamente em qualquer empresa o controle ficava na cabeça do dono. Hoje é por meio de um plano contábil conhecido, padronizado para todos, institucionalizado, respeitado por todos. Pelos grupamentos contábeis são controlados ou visualizados os movimentos das grandes massas de recursos financeiros, podendo ser direcionados por meio de normativos de acordo com a conveniência geral das políticas públicas ou da credibilidade do sistema. Podemos fazer tudo isso na Prefeitura? E se o prefeito desafinar?
ResponderExcluirMinha Metha é ouvir uma orquestra sem nenhum ZubinDO. Isto é algo que não se faz às Carreras e sim deitado na rede, num domingo plácido, de preferência junto com Luciano.
ResponderExcluirFelizmente a música deu a lição para os demais setores da vida humana. Pitágoras quando criou a proporção musical logo viu que a falta da divisão correta de uma corda gera sons irritantes, desarmônicos. Mais tarde surgiu a partitura impressa que mostra a totalidade das partes de uma composição musical ou grade. Ele dizia aos discípulos que tudo no universo eram números. Mas é mais fácil entender que tudo é música produzida pelo som da energia.
ResponderExcluirNão é muito diferente das orquestras a administração nas grandes instituições da economia moderna em grandes corporações. As grandes organizações possuem variadas complexidades operacionais, demandas diversas, milhares de funcionários, diversas diretorias, chefias, departamentos, regiões administrativas, etc. Também variadas expectativas de retorno da clientela. Hoje o índice de satisfação é sempre conhecido por meio de pesquisa de opinião em âmbito nacional. Enfim, como harmonizar toda essa orquestra de modo que o resultado seja o esperado? Acho que não tanto a escolha das pessoas, embora sejam importantíssimas as competências individuais. Importante também é a unificação da voz de comando, criando a ordem unida, ou melhor, comparando com o exemplo dado da orquestra, todos afinados com a ordem de uma única voz. Dessa forma, havendo vice e titular é necessário que as chefias sigam a orientação traçada pelo comando, pensando e agindo em harmonia. O exército sabe bem disso e o objetivo é não perder a guerra. Pode o vice pensar o que quiser, falar o que quiser, mas vale o que o titular falou, afinal somente ele responde pela Instituição, em juízo ou fora dele. Descendo mais um pouco o entendimento, quero dizer que as grandes organizações, públicas ou privadas, criam manuais de procedimentos e rotinas, definem seus projetos, suas missões, etc. Imaginem como uma multinacional, por exemplo, uma instituição bancária, ela estabelece comportamento administrativo idêntico em todo o mundo onde possui agências. Ou podemos pegar, por exemplo, um banco nacional com agências em todo o país. Como o dono ou a diretoria controla a unificação da ação dos órgãos subordinados? Ou como o Banco Central controla a ação de todos os bancos? Antigamente em qualquer empresa o controle ficava na cabeça do dono. Hoje é por meio de um plano contábil conhecido, padronizado para todos, institucionalizado, respeitado por todos. Pelos grupamentos contábeis são controlados ou visualizados os movimentos das grandes massas de recursos financeiros, podendo ser direcionados por meio de normativos de acordo com a conveniência geral das políticas públicas ou da credibilidade do sistema. Podemos fazer tudo isso na Prefeitura? E se o prefeito desafinar?
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